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Como comecei prestando consultoria em 2010 — e por que, 15 anos depois, essa atividade nunca foi tão essencial

por Kamila Hugentobler


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Quando iniciei minha trajetória na consultoria de imagem, em 2010, o cenário era bastante diferente. A profissão ainda era pouco conhecida no Brasil e, muitas vezes, confundida com algo superficial ou restrito ao universo da moda. Lembro bem das primeiras reuniões com clientes que me procuravam por curiosidade, mas saíam entendendo que a consultoria não era sobre roupa — e sim sobre estratégia. Sobre como alinhar quem somos com a forma como somos percebidos.

Foi nesse espírito que fundei a Complè. Dois dias após minha formatura, abri meu CNPJ com a convicção de que empreender era a melhor forma de construir uma marca que expressasse minha essência, meu olhar e minha forma de atuar. Desde o início, minha intenção sempre foi traduzir a alma das pessoas — especialmente empresários e profissionais de alta performance — em uma imagem que comunicasse clareza, autoridade e coerência.

Mas essa história começa ainda antes. Em 2002, quando era estagiária no Centro de Design da Feevale e ainda cursava Administração, já me interessava pelo poder silencioso da imagem. Eu customizava minhas roupas, prestava atenção aos detalhes, e entendia que aquilo que escolhemos vestir é, também, uma escolha de linguagem. Em 2005, iniciei o curso de Moda e, desde então, tudo se transformou.

Participei de desfiles, campanhas, produções, pesquisas. Tive a oportunidade de trabalhar com grandes nomes e de desenvolver um currículo sólido, que me proporcionou uma visão ampla da estética, do comportamento e da comunicação visual. Mas foi antes mesmo de me formar que percebi o que realmente me movia: entender o outro. Traduzir, por meio da imagem, a essência de quem está à minha frente.

A postura como linguagem silenciosa

Durante esses 15 anos, algo se manteve inegociável: a importância da postura. Ela fala antes das palavras — e sustenta qualquer imagem, por mais bem construída que seja. Postura é presença. É aquilo que se comunica sem abrir a boca. No ambiente corporativo, onde cada detalhe importa, ela pode ser o diferencial entre ser ouvido ou ignorado, lembrado ou esquecido.

Estudos da Universidade de Harvard, liderados pela psicóloga social Amy Cuddy, demonstram que a linguagem corporal influencia não apenas a percepção que os outros têm de nós, mas também a maneira como nos sentimos sobre nós mesmos. Manter uma postura ereta, confiante e aberta nos torna mais convincentes, assertivos e propensos ao sucesso — em processos seletivos, reuniões, apresentações e negociações.

Essa percepção de valor está diretamente ligada à imagem. Em um mercado cada vez mais competitivo, não basta apenas ter currículo — é preciso parecer estar pronto. É necessário comunicar, com intenção e autenticidade, a segurança e a competência que se deseja transmitir.

A busca por diferenciação nunca foi tão grande

Hoje, 15 anos depois, vejo um mercado completamente diferente. Profissionais de todas as áreas — da saúde à tecnologia, do direito à educação — têm procurado a consultoria de imagem como um recurso estratégico para se posicionarem melhor, conquistarem autoridade e expressarem sua singularidade com mais precisão.

Vivemos na era da percepção. Segundo o psicólogo Albert Mehrabian, 93% da nossa comunicação é não verbal. Ou seja, aquilo que comunicamos por meio da aparência, da postura, da expressão facial e do tom de voz fala mais alto do que as palavras. A forma como nos apresentamos impacta diretamente na forma como somos percebidos — e, muitas vezes, também na forma como somos lembrados.

É por isso que a imagem deixou de ser um acessório. Ela se tornou ativo estratégico. Em um mundo acelerado e orientado por impressões rápidas, a imagem certa pode abrir portas, atrair oportunidades e posicionar com força quem deseja se destacar.

Uma jornada que evolui com o tempo

Nestes 15 anos de atuação, acompanhei transformações profundas — tanto nos meus clientes quanto em mim mesma. Aperfeiçoei meus métodos, me especializei, me tornei ainda mais intuitiva. Abri escritório físico, formei equipe, atendi grandes empresas e instituições. Com o tempo, entendi a importância de ajustar a rota.

Durante a pandemia, fechei o espaço físico e passei a focar mais no digital. Também foi nesse período que engravidei. O nascimento do meu filho, Benno, expandiu minha sensibilidade e meu olhar sobre os processos de imagem. E foi ele, também, quem me inspirou a atender presencialmente em outras cidades, em diferentes estados, levando a Complè para além das fronteiras físicas.

Hoje, ao olhar para tudo o que foi construído, sinto orgulho — e entusiasmo pelo que está por vir. Me adaptar antes do tempo, fazer ajustes estratégicos e inovar fazem parte da minha identidade profissional. Vanguarda é, sim, uma das palavras que carrego com gosto.

A imagem na sociedade contemporânea: percepção é poder

A necessidade crescente de profissionais que cuidem da imagem não é uma moda passageira — é reflexo direto das mudanças culturais e sociais que vivemos. Em um mundo onde somos expostos a centenas de estímulos visuais todos os dias, nossa imagem tornou-se um filtro imediato de leitura.

De acordo com um estudo publicado na revista Psychological Science, pesquisadores da Princeton University descobriram que o cérebro humano leva apenas 0,1 segundo para formar uma primeira impressão baseada na aparência. Isso significa que, antes mesmo de dizermos "bom dia", já fomos lidos — julgados, interpretados, classificados.

A comunicação visual é, portanto, a nova alfabetização profissional. E saber utilizá-la com inteligência, autenticidade e propósito é o que diferencia quem apenas ocupa um cargo de quem ocupa um espaço de influência.

O futuro da consultoria de imagem é agora

O que começou como um sonho em 2010, hoje se consolida como uma profissão estratégica, essencial e profundamente humana. Se, no passado, a consultoria de imagem era vista como um luxo ou um capricho, hoje ela é reconhecida como uma ferramenta real de comunicação, diferenciação e sucesso.

A imagem que você transmite pode ser seu maior ativo. E saber moldá-la com consciência, verdade e refinamento é o que diferencia quem apenas participa do mercado de quem realmente se destaca nele.

Se eu puder deixar uma mensagem final a você que me lê, é esta: não subestime o poder da sua imagem. Porque, no fim das contas, ela fala por você — mesmo quando você está em silêncio.

 
 
 

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